A nova figuração europeia se apresenta na década de 60 e tem
por objetivo claro criticar a arte conceitual e tenta trazer através da figuração
uma arte que demostre as particularidades e intimidades dos pintores. Essa busca
não se dá através de ideologias que se apresentam diretamente para o
observador, más através do olhar do mesmo, procura-se uma arte que mostre os
sentimentos do pintor e não uma arte que se construa cem por cento através das experiências
do observador. Na nova figuração europeia, o artista se vê livre das amarras
conceituais podendo criar e imaginar sua própria arte.
Na Argentina os pintores utilizam a figuração não só para pintarem
livremente, mas também para criticar regras acadêmicas como a posição certa de
uma tela ser pintada ou destruir a ideia de que uma tela deve ser pintada com
tinta. As telas argentinas apresentam desenhos formados com tecidos, colares,
correntes, enfim, uma serie de novos materiais. As mesmas podem ser vistas nos
links propostos pela professora ao final dos slides.
No Brasil, a nova figuração se mostra com um caráter politico
libertário muito forte como pode ser lida no texto de Hélio Oiticica “Esquema
Geral da nova objetividade”. A figuração brasileira carrega uma forte busca por
identidade, onde o movimento da antropofagia se reergue visando uma arte estritamente
brasileira, as imagens trazem símbolos nacionais, além de novas propostas como
a pintura fora do cavalete, apresentada em objetos cotidianos imersos nas
cores, nas musicas e nas personagens na nossa cultura.
Já na figuração americana o principal ponto é o excesso. São
obras com muitos símbolos, cores vibrantes ou mesmo o preto usado como força,
como arma para um possível confronto. Esses excessos têm por finalidade mostrar
os sentimentos, os pensamentos ou mesmo as criticas ao sistema da época. Todas
essas características também se apresentam na nova figuração europeia. O que as
diferiria seria apenas o caráter de construção como identidade, caráter esse
apresentado no modelo europeu.
Figuração, ou arte figurativa por definição quer dizer tipo
de arte que representa seres ou objetos de forma que sejam reconhecíveis para
aqueles que os olham (Itaú cultural). Sendo assim, a arte indígena não possui
nenhuma diferença da nossa arte dita Ocidental. Os índios fazem sua arte e
representam seres e objetos por eles reconhecíveis ,o mesmo ocorre conosco
quando vemos a arte figurativa “ocidental” .A arte, como qualquer outra característica
de uma sociedade se difere da arte de outra sociedade, nem por isso negamos que
seja arte a arte produzida na China só porque não “conseguimos entender” seus
significados. Em um artigo escrito pelo professor da UFRJ Els Lagrou intitulado
“Arte ou artefato? Agencia e significado nas artes indígenas” há um
questionamento sobre considerar ou não a arte indígena como arte. Deixo o link do
artigo citado para que todos leiam e tirem suas próprias conclusões. http://www.ifch.unicamp.br/proa/DebatesII/elslagrou.html.
Umas das obras mostradas no slide que para mim carrega essa característica
do símbolo, do reconhecível culturalmente que é muito presente na arte indígena
é a obra de Asger Jorn, A vanguarda não se rende, 1962. Apresento essa como
exemplo por que é necessário que se tenha um conhecimento cultural para que se
entenda o porque da menina vestida daquela maneira, o que aquela vestimenta
queria dizer em um determinado período histórico, a que cultura ela pertence, a
que classe ,etc .Conhecimentos esses que possuímos e que conseguimos
codifica-los.
Renata Esteves Lobato.
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